O que é Doença de Alzheimer?
Doença de Alzheimer é um tipo de demência neurodegenerativa, isto é, causada por degeneração de neurônios. É a causa mais comum de demência no mundo.
Toda demência é Alzheimer?
Não. Há vários outros tipos de demências, sendo algumas neurodegenerativas (ex: demência dos corpúsculos de Lewy, demência da doença de Parkinson, Paralisia Supranuclear Progressiva, Atrofia corticobasal) e outras adquiridas (ex: pós trauma, demência vascular, uso de substâncias, entre outras).
Estudos neuropatológicos têm demonstrado que no período senil são mais comuns as demências mistas (geralmente, Alzheimer e doença cerebrovascular).
No Brasil, a prevalência de demência é de cerca de 8% entre pessoas com 65 anos ou mais.
Quais são os fatores de risco para Doença de Alzheimer?
Há diversos fatores de risco, sendo que o principal deles é a idade: a incidência de Doença de Alzheimer dobra a cada 5 anos a partir dos 65-70 anos de idade. Doença de Alzheimer pré-senil (antes dos 65 anos de idade) ocorre em menos de 1% do total de casos da doença
Outros fatores de risco são:
- Baixa escolaridade
- Dislipidemia
- Tabagismo
- Diabete melito
- Hipertensão arterial sistêmica
- Sedentarismo
- Obesidade
- Antecedente de lesão cerebral por traumatismo craniano
- Uso de medicações: benzodiazepínicos (“tarja preta”), anticolinérgicos, inibidores de bomba de prótons (ex: omeprazol), entre outras
- Risco genético, sendo o principal deles o polimorfismo do gene da apolipoproteína E (APOE).
- História familiar positiva (melhor detalhado abaixo)
Acredita-se que cerca de um terço de todos os casos de doença de Alzheimer podem ser atribuídos a fatores de risco modificáveis. Dessa forma, o tratamento agressivo dessas condições é muito importante como prevenção de demência.
Existem também fatores de risco ambientais ainda sob estudo, mas com alguns resultados que apontam para associação positiva entre eles e doença de Alzheimer:
- Fumantes passivos
- Poluição do ar
- Pesticidas
Tenho familiares com essa doença. Qual o risco de eu desenvolver também Alzheimer?
Pessoas com parentes de primeiro grau (pai, mãe, irmãos) com doença de Alzheimer têm um risco 10 a 30% maior de desenvolver demência em comparação com pessoas que não têm esse histórico familiar positivo. Entretanto, um estudo encontrou que quanto mais tardiamente a demência se desenvolvia nos parentes de primeiro grau, menor era a chance do familiar ter doença de Alzheimer, de forma que demências acima de 85 anos tinham risco semelhante ao grupo controle (sem parentes de primeiro grau com doença de Alzheimer).
Como a Doença de Alzheimer se manifesta?
O sintoma inicial mais comum é a perda de memória, sendo que esta perda geralmente segue um padrão bem característico: inicialmente, há declínio da memória recente (fatos ocorridos em determinado tempo e lugar), com relativa preservação dos outros tipos de memória. À medida que há a progressão da doença, as outras memórias são acometidas, como a memória remota (memórias mais antigas e consolidadas) e memória motora (que incluem habilidades de vestir-se, por exemplo).
A perda de memória ocorre de forma bem lenta e gradual, ao longo de anos.
Minha memória é muito ruim, será que tenho Alzheimer?
No geral, os pacientes com doença de Alzheimer não tem percepção do próprio comprometimento, isto é, não percebem que estão com perda de memória. Costumo dizer que eles “esquecem-se que estão esquecidos”. Usualmente são os familiares que acompanham os pacientes que trazem a queixa.
Perda de memória é um sintoma muito frequente que pode ocorrer em uma variedade de situações, como: estresse, ansiedade, depressão, sono ruim, síndrome de burnout.
É necessário sempre uma avaliação de especialista para detalhar a perda de memória e identificar as possíveis causas.
Quais outros sintomas da Doença de Alzheimer?
Além da perda de memória, nos estágios iniciais desse tipo de demência há geralmente comprometimento da função executiva, que se caracteriza por dificuldade em realizar tarefas que exigem planejamento e organização. Muitas vezes, uma atividade que a pessoa fazia com facilidade, passa a ser realizada de maneira muito mais demorada, e algumas vezes com erros (ex: costura).
Há também uma perda do insight (percepção) dos déficits, sendo comum que os pacientes minimizem os seus sintomas e tentem justificá-los. Perda do insight pode trazer riscos aos pacientes, uma vez que eles podem se submeter a atividades que não são mais seguras por não conseguir desempenhá-las corretamente (ex: dirigir).
Com a evolução da doença, outros sintomas podem aparecer, entre eles:
- Alterações comportamentais (irritabilidade, apatia)
- Disfunção visuo-espacial (ex: desorientação topográfica. Dificuldade em localizar-se)
- Alterações de linguagem
- Apraxia (dificuldade em realizar tarefas motoras aprendidas anteriormente, como vestir-se)
- Distúrbios do sono
- Convulsões (presentes em 10 a 20% dos pacientes em fase avançada da doença)
Existem apresentações atípicas da doença (bem mais raras), em que a perda de memória não é o sintoma inicial mais comum. Essas variantes incluem: atrofia cortical posterior, afasia progressiva primária, variante frontal ou disexecutiva.
Como é feito o diagnóstico da Doença de Alzheimer?
O diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico. Deve ser feita uma avaliação cognitiva detalhada, bem como exame neurológico completo. A presença de alteração nos testes cognitivos, bem como perda de funcionalidade (geralmente trazida por familiares), aponta para o diagnóstico.
Há critérios específicos detalhados pela NIA-AA (National Institute on Aging and the Alzheimer’s Association).
Exames complementares são solicitados a fim de excluir outras possíveis causas de demência (algumas delas reversíveis), bem como corroborar com a hipótese diagnóstica.
Exames complementares geralmente incluem: Ressonância Magnética encefálica, exames séricos, biomarcadores no exame de líquor, exame de PET-CT.
Existe tratamento/ cura para a Doença de Alzheimer?
Até o presente momento, não há cura estabelecida para a doença de Alzheimer. O tratamento existente ajuda a melhorar alguns sintomas, mas não impede a progressão da doença.
As medicações mais bem estudadas são os inibidores da acetilcolinesterase (ex: Donepezila, Galantamina), que atuam aumentando a concentração de acetilcolina no cérebro, reduzindo os sintomas da doença.
Outras medicações incluem: Memantina, Aducanumab (anticorpo monoclonal ainda não liberado no Brasil, e com 2 estudos com resultados conflitantes quanto ao seu benefício).
Como parte do tratamento, é importante sempre acessar o risco cardiovascular, com tratamento e prevenção de outras doenças que podem contribuir para piora da demência por doenças sobrepostas. Dessa forma, tratar hipercolesterolemia, diabetes, recomendar atividade física, fazer parte do tratamento da doença de Alzheimer.
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Minha avó estava com medo de ter essa doença. Gostei do artigo!